Paris, França e Londres, Reino Unido

R-Urban: Compartilhando Resiliência

A R-Urban envolve uma estratégia de baixo para cima, usando redes de bens comuns e polos de coletivos urbanos para apoiar as práticas de resiliência cívica iniciadas pelo atelier d'architecture autogérée (aaa).
Foto: Atelier d'Architecture Autogérée

Embora idealizada e iniciada por designers arquitetônicos e pesquisadores urbanos, a estrutura da R-Urban é concebida de forma a envolver a coprodução por uma ampla gama de atores, incluindo moradores, formuladores de políticas e empresas locais.

O primeiro passo da implementação da estratégia R-Urban é acessar o espaço urbano e instalar uma infraestrutura física que crie ativos para polos de resiliência cívica, onde as práticas de coletivização (“commoning”) possam ocorrer. A segunda etapa envolve identificar e inscrever os interessados, incluindo organizações, iniciativas e indivíduos da localidade que possam utilizar o espaço e a infraestrutura e compartilhar os recursos e os treinamentos oferecidos pelos centros. O acesso ao espaço urbano pode ser alcançado utilizando terras públicas ou privadas que estejam disponíveis, incluindo recintos que podem ser usados temporariamente e reversivelmente. O terceiro passo é criar redes de agentes em torno desses ativos e permitir que operem os ciclos econômicos e ecológicos locais. Assim, por exemplo, a energia pode ser gerada localmente, o lixo reciclado e transformado localmente, os alimentos produzidos localmente etc.

A implantação da estrutura R-Urban teve início em 2011 no subúrbio de Colombes, no Noroeste de Paris, com três polos: AgroCité, Recyclab e Ecohab. Cada um destes tem como objetivo fornecer instalações complementares (respectivamente, agricultura urbana e cultura local; habitação ecológica e cooperativa; reciclagem e construção ecológica) possibilitando serviços de gestão cidadã e sistemas econômicos e ecológicos locais.

Os polos aumentam a capacidade de resiliência dos bairros, proporcionando espaços onde são compartilhadas habilidades, conhecimento, trabalho e criatividade em torno da agricultura urbana, reciclagem, construção ecológica e habitação cooperativa. Basicamente, esses centros são espaços onde as práticas de compartilhamento e coletividade (“commoning”) podem ser aprendidas e postas em prática.

De 2011 a 2016, cerca de 6.900 cidadãos participaram dos primeiros polos R-Urban e aproximadamente 400 se tornaram atores ativos. Além disso, uma série de parâmetros ecológicos foram diretamente melhorados pela forma como os polos foram concebidos e administrados. Alimentos foram produzidos localmente; a água da chuva foi coletada e a água cinza tratada e usada para irrigação; e os resíduos urbanos foram coletados e transformados. Os inúmeros benefícios ecológicos gerados incluíram reduções anuais de 37,3 toneladas em emissões de CO2, 330 toneladas de resíduos, 24.500 metros cúbicos no consumo de água e 40% da pegada ecológica, com 50% da energia necessária para seu funcionamento produzida localmente.

O modelo R-Urban foi concebido para ser disseminado em outros bairros, cidades e países. Entre 2016 e 2020, três novos centros foram construídos em toda a Região Metropolitana de Paris - em Nanterre, Gennevilliers e Bagneux - e dois em Londres, pela PublicWorks.

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Doina Petrescu
Arquiteta
Parceria: Atelier d’Architecture Autogérée
Doina Petrescu é Professora de Arquitetura e Ativismo pelo Design na Sheffield School of Architecture. Sua pesquisa se concentra em questões de design conjunto e participação cívica, práticas de gênero, ecologia política, coprodução e resiliência em relação ao projeto arquitetônico e urbano. Ela também é cofundadora do Atelier d’Architecture Autogeree.
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